Contos de Verão


Escrita por: Alice A.
Betada por: Thay Sandes







Olá, sou , mas podem me chamar de , contarei uma história de amor para vocês, não é nada surpreendente, nada como: “a menina mais linda do mundo, conhecendo o menino mais lindo do mundo”. As pessoas por aqui levam uma vida normal, e nada parecido com esses filmes que nos deixam babando à espera de um príncipe encantado. Não, aqui não tem príncipe, muito menos princesa, não temos uma patricinha fútil e sem utilidade para ninguém e nem um bad boy arrasador de corações. Bom, o nosso protagonista arrasa corações, ou melhor, arrasava, porque o meu foi o último e eu não falo de uma forma ruim, muito pelo contrário. Não temos por aqui um amor impossível, nem gente que atrapalha esse amor. Não tem nem um tipo de preconceito, vidas diferentes talvez, personalidades não muito iguais também, diferenças financeiras com certeza, mas como dito, não tem patricinha e muito menos um amor impossível. Talvez não seja a história mais bonita, a mais interessante, talvez o amor retratado aqui não prenda muito as pessoas, talvez uma história simples, de gente simples é o que surgirá por aqui. Não enrolarei muito. Contarei uma história de amor, começarei como quem não quer nada, mas depois quererei tudo e lembrem-se... O amor é fácil, difícil são as pessoas.

Era verão e eu estava radiante, visitaria meu pai depois de dois anos sem vê-lo. Minha mãe e meu pai casaram-se jovens, lá pela casa dos vinte, eles tinham pressa e como dizem, a pressa é inimiga da perfeição. O casamento não era perfeito, ele fazia faculdade de contabilidade e ela de fotografia. E então, um ano depois que eles se casaram, eu vim ao mundo, não posso dizer que fui uma alegria tremenda para minha mãe, ela ainda queria curtir muito a vida, sair com as amigas, aproveitar como se não houvesse amanhã. Mas bem, havia amanhã e eu estava ali para comprovar aquilo. Ganhei seu amor com o tempo, lembro de quando eu era criança e aprontava algo, sentia medo dela me bater ou gritar comigo como as mães dos meus coleguinhas faziam com eles, mas minha mãe nunca o fez, ela apenas olhava em meus olhos e me repreendia da forma mais doce que conseguia e acredite, funcionava. Com o tempo fomos desenvolvendo uma relação de mãe e filha incrível, ela era minha melhor amiga, sempre tão carinhosa e tão compreensiva, eu amava ficar agarradinha com ela nos fins de tarde aproveitando a brisa suave do verão e o canto dos pássaros, e então meu pai chegava e se juntava com a gente e eu sentia que ali era o meu ponto de paz. Meus pais eram dois opostos, e dizem que os opostos se atraem e eu até concordo, mas eles não se completam, não adianta empurrar ou forçar, não vai rolar. É bom, não é? Quando sai uma nova música da banda de rock que você ama e então você fica eufórica e mostra para o seu namorado, e como ele também ama a banda, ele também fica eufórico e vocês dizem que necessitam ir à nova turnê da banda? Agora imagine você gostar de rock, ir toda empolgada falar para seu namorado sobre o lançamento de uma nova música e ele soltar só um ”Que bom”. Ou então você gostar de noite, e ele de dia. Você gostar do frio, e ele do calor. Você gostar de ficar em casa, e ele não passar um dia sem sair. Você gostar de doce, ele de salgado. Você gostar de chuva e ele de tempo seco. Talvez com o tempo as diferenças fiquem gritantes demais e o amor acaba não sendo suficiente, apesar de eu achar que ele sempre é suficiente e sempre podemos dar um jeito. Mas com os meus pais não aconteceu, foi em um verão que eles se conheceram e foi em um verão que eles “se desconheceram”, eu tinha dez anos e aquilo pra mim foi o fim do mundo. Quando eles me deram a notícia, comecei a chorar e a coisa só piorou quando meu pai disse que ia se mudar para outro país. Falei para ele que não queria vê-lo nunca mais e corri para o meu quarto, passei o dia trancada e parte dele chorando. Ignorava todas as tentativas de conversa que ele queria ter, e passei a ignorar os telefonemas também. Passei duas semanas dessa forma e uma semana antes dele viajar, meu pai escalou a parede e entrou pela janela aberta do meu quarto. Eu estava sentada em minha cama, lendo um livro qualquer, não expulsei meu pai ou saí do quarto, eu estava mais calma e a saudade que sentia dele era sufocante. Então ele sentou-se em minha cama e segurou em minhas mãos, olhou em meus olhos e disse às palavras que eu nunca ei de esquecer.

“Hey, minha princesa, eu sei que você está magoada comigo e acredite, isso está doendo o meu coração, mas as coisas nem sempre são como queremos, a vida sempre encontra um modo de nos derrubar e cabe à nós sermos fortes e enfrentar o que vier. Eu e sua mãe não fomos fortes o suficiente para continuarmos casados, mas isso não significa que viveremos em pé de guerra, nos damos bem acima de tudo e é assim que sempre será, ainda mais por termos você. Meu amor, você foi a melhor coisa que já aconteceu nessa minha vida inútil, quando peguei você nos braços, uma coisinha fofinha e preguiçosa, era como se eu estivesse tocando minha felicidade. Eu sempre serei seu pai, não importa as circunstâncias, eu sempre estarei aqui para o quer der e vier, não será minha ida para outro país que mudará isso, podemos nos falar todos os dias, tanto por telefone, como pela internet. Eu ainda vou poder cantar pra você quando você não conseguir dormir, eu ainda serei seu herói, eu ainda serei o papai chato que não deixa nenhum garotinho se aproximar, eu ainda serei eu, sempre serei, minha princesa, e sempre serei seu”.

Eu o abracei forte enquanto deixava as lágrimas caírem, disse que não queria que ele fosse, mas ele me prometeu que eu poderia sempre visita-lo nas férias e que ele viria me ver sempre que pudesse. Passei aquela semana inteira com ele, não tinha nada que me fizesse sair do seu lado, eu dormia e acordava olhando para ele e quando me despedi do meu grande herói naquele aeroporto no fim do verão de quando eu tinha dez anos, eu senti que estava perdendo um pedaço de mim.

Retratei dois amores, o amor que meus pais sentiam um pelo outro - apesar de ser um amor torto - e o amor que meus pais sentiam por mim, agora aparecerá tantos amores que eu não serei capaz de contar.

No verão dos meus 11 anos eu fui visitar meu pai pela primeira vez, fiquei radiante por estar com ele novamente e foi um dos melhores verões da minha vida. Minha mãe estava seguindo em frente como todos devem fazer após um fim de relacionamento sem volta. Ela não saia muito porque não gostava de me deixar, eu insistia sempre para que ela aproveitasse a vida, mas era como se ela não me ouvisse e isso sempre me deixava brava e ela ria. Minha mãe tinha um estúdio de fotografia e eu passava a maior parte do meu tempo lá com ela, e então éramos só nós duas, no nosso mundinho grudado.
Com 12 anos conheci Louise, meu pai me apresentou ela via skype como sua amiga, e assim que ele disse aquilo eu pensei “Sei... Amiga”. Louise era extremamente simpática, morena dos olhos escuros, mostrou uma satisfação grande por estar me conhecendo e disse que meu pai não passava um minuto sem falar de mim. Nos despedimos com a promessa que conversaríamos mais vezes. Meu pai sumiu da tela por um tempo e depois voltou dizendo que Louise havia ido embora, então ele me perguntou se eu havia gostado dela e com um risinho, eu disse que havia gostado muito e que super apoiava o romance deles. A expressão dele foi hilária e eu ri por incontáveis minutos. Meu pai me confessou que estava receoso em me contar que estava se aventurando em um novo romance, sentia medo de eu ficar enciumada ou não aprovar Louise, mas com aquela idade, eu já tinha mentalidade suficiente para saber que não importava a quantidade de mulheres que passassem pela vida do meu pai, eu nunca passaria.
Meu pai disse que Louise tinha uma filha da minha idade, ela morava com a avó em outra cidade, mas todo fim de semana passava com a mãe e claro que ele havia a conhecido e estava convivendo com ela. Ele falava tanto daquela menina e tão bem, que eu sentia aquela famosa vontade de socá-la, mesmo não a conhecendo. Então eu a conheci, a conheci porque meu pai e Louise resolveram morar juntos, apenas juntar os trapinhos sem se casar, e – filha de Louise - foi morar com eles porque Louise não a queria mais longe. Ela era simpática e bonita, confesso, mas não gostava da relação dela com meu pai, ele a tratava como se fosse filha, ficavam brincando enquanto ele conversava comigo e ela sempre tirava a atenção dele, e quando eu ouvi ele chamando-a de princesa, fiquei com tanta raiva que assim que me despedi dele, comecei a chorar. Ai, gente, eu era extremamente ciumenta, o que era meu, era meu e já era... Não que isso tenha mudado. E lá se foram algumas semanas sem falar com ele, cortei todo meio de comunicação que tivéssemos, disse para minha mãe falar para ele que estava fazendo balé – o que era mentira – e que estava fazendo cursos – isso não era mentira – então a escola, o balé e os cursos ocupavam todo meu tempo e eu sempre estava muito cansada para fazer qualquer outra coisa, senão dormir. Disse para ela falar para ele também que eu não iria passar as férias com ele, ia para o sitio da vovó, claro que não era verdade. Minha mãe me contou que ele ficou muito triste e perguntou o que realmente estava acontecendo comigo, se ele havia feito algo de errado, mas ela não soube respondê-lo. Um mês depois finalmente resolvi que era hora de parar de infantilidade, respirei fundo, liguei o computador e chamei meu pai no skype, na primeira chamada ele me atendeu. Com os olhos cheios de lágrimas pedi mil perdões, disse que não poderia tê-lo afastando de forma alguma e que o amava demais. Ele perguntou o que havia acontecido, mas claro que eu não falei, nunca que eu falaria, estava morrendo de vergonha daquilo, disse apenas que estava passando por problemas adolescentes. Naquele dia eu deitei em minha cama - ainda com meu pai do outro lado da tela – e ele fez o mesmo e então dormimos - mesmo estando em horário diferente – e eu me sentia tão feliz e o sentia tão pertinho de mim, que dormi feito um anjo.
Com 14 anos eu meio que arrumei um relacionamento para minha mãe, ele era irmão de uma das clientes dela e sempre acompanhava a irmã, claro, só para ver minha mãe. Ela era difícil, durona, depois do meu pai eu não tinha visto-a com ninguém mais e Rick era um cara tão legal, mais velho e ó, lindo e engraçado, céus, como ele era engraçado, e não era nem bobo nem nada, me conquistou primeiro para depois conquistar minha mãe, na verdade, nós dois meio que bolamos um plano e eu “acidentalmente” os tranquei no estúdio e os deixei lá, bem, por umas três horas mais ou menos. Não preciso nem falar que minha mãe quis me matar, mas aquele sorriso dela não me enganava, então ela disse que Rick havia beijado-a e ela gostou, gostou muito. As bochechas dela coraram e eu disse que Rick era um cara bom, que a merecia e que eu confiava nele. Gargalhamos por causa da troca de papéis.
No verão fui visitar meu pai, ele me abraçou tão apertado no aeroporto que cheguei a ficar sem ar, então me olhou com os olhos marejados e disse “Minha menina já está virando uma mulher”. Típico. Louise era ainda mais bonita de perto e me abraçou como uma mãe abraçaria a filha. Conheci a famosa , fiquei retraída com ela no começo, mas quando vi, já estava chorando com ela no aeroporto por ficarmos um ano longe uma da outra.

Minha vida era boa, muito boa pra falar a verdade. Eu morava em uma casa ótima, tinha o quarto da forma que eu queria, tinha um pai e uma mãe morando comigo e ganhei um irmãozinho que eu nem preciso falar que eu amava demais. E então, eu ia para o meu quarto e de repente eu tinha outra família, com um pai, uma mãe e uma irmã da mesma idade que eu, e todos morávamos longe, mas eu os sentia perto. Sentia-me uma garota sortuda, muito sortuda pra falar a verdade.

E então era verão novamente e eu estava com os meus 18 anos. Havia visto meu pai pela última vez com 16 anos, não pude mais ir por conta das coisas da escola e dos cursos, e claro, por causa do meu irmãozinho, Ryan. Eu era tão apegada com aquele garotinho de olhos grandes e claros, minha mãe dizia que eu parecia mais mãe dele do que ela, e Rick dizia que em breve Ryan a trocaria por mim, apenas riamos, porque Ryan também era extremamente apaixonado pela mãe. Meu pai infelizmente não pôde ir à minha formatura, seu trabalho o impediu, mas ele obrigou minha mãe a levar o notebook e ele assistiu ao vivo e a cores sua filhinha se formar e foi caçoado a cerimônia inteira por minha mãe, Louise e , que diziam que ele chorava como um bebê.
Vi meu pai no aeroporto, larguei minhas malas de qualquer jeito e corri para seus braços, meu Deus, como eu sentia falta daquele abraço, tão quente e reconfortante, tão seguro e único. Ele me olhou como se eu fosse uma jóia muito bela, sorriu com os olhos marejados, depositou um beijo em minha testa e disse que me amava mais do que qualquer outra coisa em sua vida e como eu sempre fui muito emotiva, deixei algumas lágrimas caírem. Abracei Louise que havia se aproximado de nós e logo depois eu e fizemos um escândalo no aeroporto, gritando a falta que sentíamos uma da outra.

***


Eu, e seu namorado Jeremy estávamos na praia, era um dia típico de sol forte, o lugar estava relativamente cheio, mas eu não me importava com aquilo. Resolvi me jogar no mar, mas não fiquei muito tempo lá porque me queimava mais fácil na água. Olhei para os lados procurando por e Jeremy - já que eu sempre me perdia das pessoas quando resolvia entrar na água – e no meio da minha distração acabei esbarrando em alguém e pisando no pé da pessoa.

- Me desculpa!
- Tudo bem, só olhe por onde anda. – O garoto disse grosseiramente e depois se afastou. Fiquei olhando para ele por algum tempo e balancei a cabeça em negação. Encontrei depois de mais alguns segundos de procura e fui até ela.
- Garoto grosso.
- O ? Sempre.
- Não sei o nome dele. – Dei de ombros.
- É , ele é mecânico, trabalha perto da nossa casa, e ele não é muito agradável.
- Por quê?
- É o jeitão dele, o conheço desde criança, já que nossos pais são amigos, e o sempre foi assim. – Jeremy deu de ombros.
- Odeio gente mal humorada. – Sentei-me sobre a toalha que estava estendida sobre a areia e entramos em um assunto qualquer.

Era fim de tarde e eu estava sentada sobre os degraus que davam até à porta de casa, o tempo como sempre estava bom. Eu estava lendo o meu mais novo livro, tinha saído com Jeremy, meu pai havia ido buscar o carro que estava na oficina, e Louise estava fazendo o jantar. Ouvi um barulho de buzina e observei meu pai estacionar o carro na frente de casa. Ele saiu do veiculo e notei que , o carinha que esbarrei na praia, vinha logo atrás.

- Hey, filha! – Ele aproximou-se de mim e depositou um beijo em minha testa. – Onde está Louise?
- Lá dentro tentando não queimar o jantar.
- Já está com o numero da pizzaria ai?
- Está na discagem rápida, fique tranquilo. – Ele riu.
- , eu já venho com o disco. – Ele se virou para o garoto e assim que o mesmo assentiu, meu pai entrou em casa.
- Então... Seu nome é , certo? – Assenti enquanto o olhava. Notei uma mancha de graxa em sua bochecha direita e várias outras manchas em seu macacão cinza. – Quero me desculpar por aquele dia na praia, eu estava meio mal humorado.
- Ah, não se preocupe, já me alertaram da sua fama.
- Então quer dizer que já andaram falando mal de mim? – Ele cruzou os braços enquanto erguia uma sobrancelha e eu ri.
- Bem, mais ou menos.
- E como faço para apagar a má impressão que deixei?
- Me disseram que você é assim desde pequeno.
- Não, eu sou assim com gente que não conheço e você não me respondeu... Como faço para apagar a má impressão que deixei? – Dei de ombros.
- Não se preocupe com isso...
- Que tal você sair comigo?
- Como? – O olhei meio confusa.
- Quero que você veja que não sou tão mal assim, e seria perfeito se você saísse comigo. – Ele me sorriu e eu mordi o lábio inferior.
- Eu nem conheço você direito.
- Então, seria uma boa oportunidade para nos conhecermos, garanto que não sou nem um serial killer ou algo do tipo, seu pai sabe muito bem disso.
- Bom, já que você não é nenhum serial killer, acho que topo sair com você. – Sorri.
- Quem vai sair com quem? – Meu pai perguntou assim que saiu de casa.
- Eu chamei para sair, isso é, se o senhor não se importar. Nos esbarramos na praia em um dia desses e acho que deixei uma má impressão.
- Que isso rapaz, não vejo problema nenhum, é só deixar essas mãos bobas bem longe da minha filha e tá tudo certo.
- Pai! – Senti minhas bochechas arderem enquanto meu pai e riam.
- Aqui, . – Ele entregou um disco para o garoto. – Fale para seu velho pai não deixar nenhum arranhão no meu bebê.
- Pode deixar. – Ele sorriu de lado e logo depois olhou para mim. – Posso passar aqui amanhã seis da tarde?
- Claro.
- Certo, então até amanhã. – Se despediu de mim e logo em seguida de meu pai, enquanto eu pensava se seria mesmo uma boa ideia sair com um cara que eu nem conhecia.

Eu vestia um vestido leve de estampa florida, tinha margas curtas e demarcação na cintura, fazendo com que a saia caísse suavemente até o meio de minhas coxas. Meu cabelo estava preso em um rabo de cavalo alto. Havia passado uma leve maquiagem, apenas rímel e um gloss rosa, e peguei uma bolsa pequena que combinasse com minhas sapatilhas.

- Aonde ele vai te levar? – perguntou passando vagarosamente a página da revista que lia de bruços sobre a cama.
- Não sei.
- Tem certeza que você quer sair com ele? Ele é bonitinho e tal, mas é mal humorado.
- Certeza eu não tenho, mas já que eu aceitei...
- , qualquer coisa grita e sai correndo, é serio. – Gargalhei e joguei uma almofada em , ouvindo a campainha logo em seguida.
- Acho que é ele. Deseje-me sorte.
- Boa sorte. – Joguei um beijo no ar para ela, e saí do quarto. Despedi-me de Louise e meu pai – que disse que se se engraçasse para o meu lado a coisa ia ficar feia para ele, apesar de meu pai o considerar muito – e saí de casa deparando-me com em pé e com as mãos dentro dos bolsos de sua bermuda escura.

Nas duas únicas vezes que eu o vi, ele vestia o macacão cinza desgastado, até mesmo no dia da praia, e ali ele estava totalmente diferente. Fora a bermuda escura, ele também vestia uma blusa de mangas curtas azul turquesa e percebi que ele era forte, não como aqueles bombadões que vemos por ai e se acham os gostosões do pedaço, era mais natural. Seus cabelos estavam penteados de uma forma bagunçada, os fios visivelmente úmidos mexiam-se conforme o vento passava. Um all-star escuro fechava a produção dele, assim como uma pulseira de couro em seu braço esquerdo.

- Hey, . – Ele sorriu e eu estava meio estática, não tinha reparado que ele era bonito daquele jeito, não o tipo de beleza sensacional, mas o tipo de beleza que mesmo assim deve ganhar alguns olhares.
- Hey. – Sorri.
- Tem uma sorveteria que fica perto da praia, acho que você vai gostar de lá, fica meio escondida, mas vive cheia. – Sorri e começamos a andar lado a lado até chegar a tal da sorveteria. surpreendentemente puxou uma cadeira para que eu pudesse me sentar, e logo em seguida sentou-se em minha frente. Fizemos os pedidos e eu olhei em volta gostando do tom azul do lugar e da forma abstrata das mesas.
- Gostei daqui.
- É bem legal. – me olhou. – E então, já sei algumas coisas sobre você por causa de seu pai, ele tem muito orgulho de falar da filha maravilhosa que tem. – Sorri.
- Não sabia que ele falava de mim por ai.
- Está brincando não é? Acho que não tem ninguém dessa cidade que não conheça você.
- Meu pai não tem jeito. Mas e você? Não sei nada sobre você. – Nesse momento nossos pedidos chegaram e nos calamos um pouco.
- Bom, eu nasci aqui mesmo, nunca sai da Carolina e não me importo muito com isso. – Deu de ombros. – Vivo com meu pai e meu irmão mais velho, trabalho com eles na oficina do meu pai, nunca conheci minha mãe porque ela largou meu pai e se quer pensou nos filhos, acabei os estudos esse ano porque repeti dois anos, minha cor favorita é preto, gosto muito de pizza e lasanha, curto muito assistir bob esponja e não tenho costume de chamar garotas que eu mal conheço para sair. Mais alguma coisa? – Ri.
- Bom, sinto muito pela atitude da sua mãe. – Deu de ombros como se não se importasse. – Você tem quantos anos?
- Vinte, e você 18, certo? – Assenti.
- Meu pai andou mesmo falando de mim.
- Você não imagina o quanto. – E ai o papo fluiu, como se sempre fizéssemos aquilo, como se nos conhecêssemos desde sempre e eu descobri que as aparências podem realmente enganar, porque não era o carrasco que eu imaginei que fosse.
- Espero que o programa não tenha sido chato, quer dizer, papear por horas em uma sorveteria não me parece muito animador. – Ri. Estávamos parados de frente à minha casa e o sol já havia dado seu adeus há algum tempo.
- Pelo contrário, eu achei ótimo.
- Então vai ser o que da próxima vez? – Ergui a sobrancelha.
- Isso é outro convite?
- Não pareceu? – Cruzou os braços, percebi que ele tinha aquela mania.
- Mais ou menos. Bem, que tal cinema?
- Ótimo, então até domingo? É que hoje foi meio que uma folga, eu trabalho de segunda à sábado.
- Claro, sem problemas. Até domingo então. – Ele assentiu e eu atrevi me aproximar e depositar um beijo delicado em sua bochecha, sorri e lhe dei as costas entrando em casa logo em seguida.
- Como foi? – perguntou assim que entrei no quarto que dividimos quando eu passava as férias ali.
- Foi bom, ele não é tão ruim assim.
- Jura?
- Claro, na verdade ele é ótimo. – Tirei as sapatilhas e me joguei na cama.
- Vocês se beijaram?
- Não.
- Por que não?- Porque não ué, na verdade ele não tocou em mim um minuto se quer.
- Hum. – Ela balançou a cabeça em negação. – Sabia, ele se esconde atrás daquela arrogância toda porque certamente é gay. – Gargalhei alto.
- Deixa de falar besteira, .
- Como você sabe que ele não é?
- Conta se eu disser que percebi um pouco de interesse em seu olhar? – Ela deu de ombros.
- Pra mim ele é gay até que se prove o contrário.

Ao logo das semanas saí com algumas vezes, eu já podia falar que éramos amigos, mas eu não queria falar isso, eu acabei me apaixonado por , quer dizer, ele tinha um jeito todo reservado e era tão sério, mas quando estávamos só nós dois ele se mostrava uma pessoa totalmente diferente, tinha um sorriso lindo que me provocava calafrios e um olhar tão intenso que por vezes eu não conseguia encarar, era impossível não se apaixonar, e apesar de nos sentir bem mais próximos, ele não tomou nenhuma atitude, o máximo que ele fazia era beijar minha bochecha e me abraçar pela cintura.
Era domingo à noite, consegui arrastar para um pequeno luau que alguns amigos de estavam dando, no começo ele não se enturmou muito, mas depois o percebi mais solto, não sabia se era consequência das duas garrafas de cerveja que ele havia tomado, ou era porque os amigos de eram muito legais. Em um monte da noite segurou em minha mão, entrelaçou nossos dedos e nos afastou um pouco das pessoas. Começamos a andar em silêncio quase perto da água enquanto o vento que soprava acalentava nossos corpos.

- Eles não são tão ruins assim. – Ele quebrou o silêncio.
- Ninguém é tão ruim, , as pessoas só querem ser entendidas. Você deveria ser mais aberto.
- Gosto do meu jeito, mas se você não gosta eu posso...
- Hey! – Puxei sua mão e o olhei. – Claro que gosto do seu jeito, seu bobo – Uma coisa que notei em foi sua insegurança, acho que ele era daquela forma por conta do abandono da mãe.
- Você é incrível. – E então aconteceu. Paramos, ele soltou minha mão e ficou na minha frente, segurou meu rosto e acariciou minhas bochechas com seus polegares, então se aproximou e tomou meus lábios para si. Coloquei minhas mãos em sua cintura e ergui um pouco a cabeça enquanto eu sentia sua língua invadindo minha boca, e foi um beijo tão maravilhosamente bom que eu não sentia vontade de parar nunca mais. Seu toque era tão gostoso, nós dois ali parecíamos tão certo que nada mais me importava. Mas eu tive a noção que estava começando a viver um amor de verão e desejava do fundo do meu coração que esse amor não ficasse apenas naquela estação.

- Ele não é gay – Sorri bobamente jogando-me ao lado de em sua cama.
- Quem não é gay?
- O , ele não é gay. Ele me beijou, na praia e quando me deixou aqui, me pegou de jeito. – gargalhou e eu a acompanhei.
- Sua safada!
- Acredita que ele já me pediu em namoro?
- Como? – Ela me olhou meio abismada.
- Ele disse que não curte muito essa coisa de ficar, que nunca considerou garotas brinquedos ou passatempos, então ele me deixou na porta de casa e antes de ir embora perguntou se eu queria namorar com ele.
- E você disse o quê?
- Que sim. – Afundei meu rosto no travesseiro e ouvi um gritinho animado de .
- Ai que fofo. Quem diria que o ogro na verdade era príncipe.
- Meu príncipe! – Voltei a sorrir bobamente e rolou os olhos fingindo uma careta de nojo.
- Acho que seu pai não ficará muito contente com a princesinha dele fazendo coisas impróprias por aí. – Lhe dei um empurrão.
- Você faz coisas impróprias por aí.
- Mas eu não sou a princesinha de ninguém.
- Ele vai entender. – Dei de ombros. – Tudo que ele quer é me ver feliz e bom, eu estou feliz.

Quase dois meses que eu e estávamos namorando e eu não poderia estar mais feliz. Meu pai implicou um pouquinho, mas percebi que ele estava apenas pirraçando porque adorava quando eu ficava vermelha por causa das coisas que dizia. Eu havia conhecido o pai de e seu irmão, e os três pareciam clones e eram muito amáveis. Perto de eu me sentia uma bonequinha de vidro, ele me tratava com tanta ternura e delicadeza que chegava a ser comovente e disse que todos esses ensinamentos vieram de seu pai.
Era sábado à noite e eu estava me preparando para ir jantar com , ele não quis dizer de jeito nenhum para onde estava me levando. Passei a mão por meu vestido preto tomara que caia e chequei minha maquiagem, peguei minha bolsa em cima da cama e desci as escadas me deparado com meu pai, e Louise sentados no sofá.

- Não quero que você volte tarde mocinha.
- Tá, pai.
- E use camisinha!
- ! – Eu e Louise dissemos enquanto gargalhava e meu pai se encontrava vermelho enquanto murmurava “eu não ouvi isso”. Praticamente voei de casa quando ouvi o barulho da campainha e me deparei com encostado em sua picape vermelha desbotada.
Hey! – Ele sorriu e aproximou-se de mim, acariciou meu rosto e me deu um selinho demorado. – Você está linda.
- Obrigada, você também está. – Disse reparando em sua blusa social azul petróleo.

Entramos em sua picape e logo deu a partida, seguindo por algumas ruas um pouco vazias. Ele tomou um rumo que eu não conhecia muito bem, entrou em uma pequena estrada de terra e logo em seguida me deparei com a vegetação e o mar que se estendia à nossa frente. Desci da picape assim que abriu a porta para mim e entrelaçou nossos dedos guiando-nos até uma pequena cabana que havia ali.

- Essa cabana é do meu pai, mas ele não usa muito. Bem, – Ele parou na porta assim que subimos dois degraus. – Espero que você goste. – Então ele a abriu e eu me deparei com algumas velas espalhadas por ali, uma mesa - no centro do cômodo que parecia uma sala – com taças, pratos e talheres em cima. No canto direito notei outra mesa, essa um pouco menor, com uma garrafa de vinho em um balde de gelo junto com algumas latas de refrigerante e garrafas de água. Sorri observando fechar a porta e lhe abracei pelo pescoço.
- Eu adorei. – Lhe beijei os lábios. – Mas você não precisava ter tido esse trabalho todo.
- Não foi trabalho nenhum, minha linda, você merece. – Ele me olhou daquela forma que me fazia sentir a garota mais especial da face da terra e logo depois me beijou, um beijo que acabou completamente com meu fôlego.

havia feito o jantar, macarrão ao molho branco e de sobremesa mouse de chocolate, e tenho que confessar que a comida estava maravilhosa, ele já havia me dito que sabia cozinhar, eu só não pensei que ele fosse um chefe. Após o jantar ele me levou até os fundos da cabana que dava para o mar, na varanda havia uma grande toalha colorida estendida e várias almofadas em cima, nos sentamos ali com uma lata de refrigerante em mãos - porque não queríamos ficar alegres demais com o vinho – e tiramos nossos sapatos. estava quase deitado sobre as almofadas e eu estava com o corpo pertinho do dele, minha cabeça descansava em seu peito e minha mão estava ao lado. Fechei os olhos sentindo o carinho gostoso que ele fazia em meus cabelos e eu me sentia tão em paz e tão feliz que era como se eu nunca tivesse presenciado tristeza alguma. Senti o garoto depositar um beijo no topo da minha cabeça e sorri enquanto o encarava.

- Eu amo você. – Ele sussurrou e automaticamente eu senti meu coração acelerar. Pelas minhas contas, aquela era a terceira vez que me dizia aquilo, ele não fazia o tipo que falava eu te amo várias vezes ao dia, para ele demonstrar fazia mais sentido do que falar. A primeira vez que ele falou que me amava, me senti meio assustada, não estávamos tanto tempo juntos e tive medo dele ter dito aquilo no calor do momento, mas era intenso demais, não tinha medo de sentir, de se entregar, e sua intensidade me contagiava e eu descobri que para o amor era fácil porque ele não era do tipo que complicava.
- Eu também amo você. – Sussurrei de volta e ele aproximou seu rosto do meu logo tocando nossos lábios. O beijo acontecia calmo, intenso, e logo em seguida fora tomando outras proporções e quando dei por mim, já estava deitada com o corpo de por cima do meu.

Uma de minhas pernas estava dobrada, e como a saia do vestido era solta, eu me senti um pouco exposta. A mão de repousou em meu joelho e subiu até alcançar o topo de minha coxa, seus dedos acariciavam o começo de minha bunda e ele soltou meu lábio avançando até o meu pescoço. Eu nunca havia feito aquilo com ninguém, beijei poucas bocas e tive apenas um namorado, mas ele não me passava à confiança que eu precisava sentir, já com era diferente, apesar do pouco tempo, quando estou com ele é como se nenhum mal pudesse me atingir. Ele implantou um beijo molhado em meu ombro, subiu para o meu pescoço de volta e logo em seguida me deu um selinho casto, então me olhou e sorriu e eu senti meu coração acelerar ainda mais, levei minhas mãos até os botões de sua blusa e fui abrindo um por um, até o pano não estar mais em seu corpo. Passei meus dedos delicadamente sobre seu peitoral e abdômen admirando-o, olhei em seus olhos e ele estava com aquele sorriso maravilhoso direcionado a mim, o sorriso que ele abria só para mim. Meu Deus! Como eu me sentia sortuda, muito, muito sortuda, por ter aquele cara em minha vida. Voltamos a nos beijar e deixamos as coisas mais intensas, quando ele tirou meu vestido, confidenciei que era virgem, ele não se espantou, apenas perguntou se eu queria mesmo aquilo e quando eu disse que sim, ele sorriu e beijou-me.
Eu sabia que o amanhã viria, sabia que a contagem regressiva para que eu voltasse para casa já estava iniciada, sabia que tínhamos que conversar sobre aquilo e chegar a alguma conclusão, eu simplesmente sabia, mas eu não ligava, eu só queria ser dele, ser dele naquela hora, naquele momento. Ser dele para sempre.
A madrugada já estava nos saudando, o mar estava calmo, as ondas lambiam a praia com adoração, enquanto o vento sempre persistente não nos abandonada. Eu e estávamos abraçados, ele vestia apenas sua boxer azul escura enquanto eu havia tomado posse de sua camisa. Eu me sentia realizada, foi tudo tão maravilhosamente perfeito que eu achei que não fosse real, em nenhum momento foi bruto e apressado, ele me esperou, ele me entendeu e me amou como ninguém mais havia amado. Sorri e depositou um beijo em meus lábios. Ouvi o barulho de meu celular e fui a sua busca, encontrando-o no meio das almofadas.

- Oi pai... Não vou demorar não... Tá, pai. – Revirei os olhos. – Tchau.
- Precisa ir? – me perguntou assim que desliguei o telefone.
- Uhum.

Nos levantamos e vestimos nossas roupas, arrumei o cabelo e entrelacei minha mão na de saindo da cabana logo em seguida. Ele disse que recolheria as coisas do lugar depois, e me confessou que havia fugido do trabalho para me preparar aquela surpresa.
estacionou a picape na frente de minha casa e me acompanhou até a porta.

- Até amanhã. – Ele sorriu e contornou minha cintura com seus braços, então fizemos aquilo que sabíamos fazer de melhor, nos beijamos e como sempre, eu não queria parar, mas como a luz da varanda se acendeu e eu ouvi um barulho vindo da janela da sala, eu tive que voltar à minha realidade. – Tchau. – riu enquanto me dava um último selinho.

Entrei em casa e me deparei com meu pai, e Louise da mesma forma que os havia deixado quando eu saí.

- Seu pai é impossível. – Louise balançou a cabeça em negação e ele resmungou algo que não dei muita bola.
- Eu quero saber de tudo! Como foi? – Antes que eu abrisse minha boca, meu pai tomou a vez.
- Eu realmente não quero saber, então eu agradeceria muito se vocês fossem para o quarto e de preferência falassem baixo. – Ri e me aproximei dele depositando um beijo estalado em sua bochecha e puxando escada acima. Contei-lhe tudo, tentei o máximo não falar dos mínimos detalhes, mas ela não me deu escolha, por isso passei o resto da noite ouvindo seus gritinhos esganiçados.

Uma semana, faltavam apenas uma semana para que eu fosse embora dali e só voltasse, talvez, no próximo verão. Eu e estávamos na praia e eu sabia que aquela era a hora de entrar no assunto.

- Eu sabia que isso ia ter que acontecer alguma hora. – Ele suspirou. – Eu só não sei como lidar com isso.
- Eu não quero me separar de você. – Sussurrei e ele me abraçou de lado depositando um beijo em minha cabeça.
- Eu também não quero, minha linda.
- Mas eu também não quero prender você, eu vou estar longe, e sei que há muitas garotas interessantes por aqui e você é homem, homens têm suas necessidades.
- Hey, para com isso, nenhuma outra garota me interessa, eu amo você. – Suspirei.
- Eu sei.
- Mas você... Se você quiser se relacionar com outra pessoa, você...
- Não, eu não quero ninguém mais na minha vida que não seja você. – Lhe olhei. – Eu sei que somos novos, que poderíamos simplesmente nos separar e seguir com nossas vidas, mas eu não quero. Eu amo você, e gostaria muito que déssemos certo. – Senti meus olhos arderem e ele me apertou em seus braços.
- Se você está disposta a continuar e eu também, nós vamos conseguir, meu amor, eu juro pra você que vamos conseguir. Vamos aproveitar o tempo que nos resta e não pensar mais nisso, tudo bem? – Assenti.

E então aproveitamos, aproveitamos todo o tempo que tínhamos, todas as noites estávamos juntos, todas as noites conversávamos, riamos, fazíamos amor, nós aproveitávamos enquanto restava tempo. E então o tempo se esgotou, e quando me despedi dele no aeroporto em meio a abraços fortes, beijos estalados, lágrimas e soluções, eu senti que deixei meu coração para trás.
Eu estava tentando viver normalmente, mas uma vez tendo em minha vida, não era tão simples assim. Comecei a faculdade de jornalismo, conheci gente nova e agradecia por minha melhor amiga desde a quinta série estar sempre comigo, me distraindo e me dando a força que eu precisava. E os meses voaram, cinco meses depois me sentia bem mais recomposta, conversava com via skype todas as noites depois de conversar com meu pai, passávamos horas falando sobre tudo e nada, a saudade era sufocante, mas eu estava tentando administrá-la.

- Boa tarde. – Marlon beijou carinhosamente minha bochecha e sorriu mostrando suas covinhas perfeitas.
- Boa tarde. – Lhe devolvi o sorriso. Marlon era um colírio para os olhos, moreno, cabelos negros, olhos verdes, sorriso perfeito, fora que era bem humorado pra caramba, era tudo o que uma garota queria, menos eu, claro. Megan, melhor amiga do Marlon desde a infância e minha amiga também, vivia me empurrando pra cima dele, apesar de eu já ter deixado muito claro que tinha namorado, pra ela meu relacionamento não daria certo porque o amor não ia resistir à distância. Eu não gostava nem um pouco quando ela falava daquela forma.
- Hey, o pessoal vai em um pub hoje à noite, Megan vai arrastar o James, Martin e Richard também vão estar lá e Melanie já confirmou. Vamos?
- Claro.
- Eu passo na sua casa pra irmos juntos.
- Não precisa, talvez eu chegue um pouco tarde, pretendo ir depois que falar com .
- Hum, tudo bem. – Ele entortou a boca. Marlon geralmente ficava desconfortável quando eu falava de e eu infelizmente sabia do motivo, mas eu sempre me fingia de desentendida, Marlon era importante demais pra mim e eu não queria que ele se afastasse só porque seu sentimento não era correspondido.
- Bom, tenho que ir, Ryan hoje está impossível e vou dar uma ajuda pra minha mãe.
- Tudo bem, nos vemos à noite. – Depositei um beijo em sua bochecha e segui para meu carro, entrando no mesmo e indo pra casa.

Abri a porta de casa e entrei, ouvi um grito de minha mãe e logo depois a gargalhada escandalosa de Ryan, fui em direção à cozinha e a vi no chão enquanto Ryan lhe apontava o dedo.

- O que está acontecendo aqui?
- Ryan colocou o carrinho no caminho, pisei e escorreguei. – Olhei para o garotinho e balancei a cabeça em negação.
- Vou colocar o material no quarto e já volto aqui pra te ajudar com esse pestinha.

Subi as escadas e fui até o fim do corredor abrindo a última porta do mesmo, assim que entrei no quarto estanquei no lugar, pisquei lentamente e larguei o material, ouvindo seu baque contra o chão, então levei a mão até a boca e senti meus olhos lacrimejarem-se.

- Ah, meu Deus! – Corri em direção a e pulei em seu colo entrelaçando as pernas em sua cintura. Levei meus lábios até os seus e lhe enchi de selinhos até finalmente aprofundar o beijo. – Como você... Quando você... AH, MEU DEUS! – Voltei atacar sua boca enquanto ria.
- Isso que é saudade.
- Você chegou quando?
- Tem algumas horas.
- E por que não me ligou?
- Porque eu queria fazer uma surpresa, ué. Seu pai me passou seu endereço, falou com sua mãe e ela me recebeu muito bem.
- Eles sabiam? – Escancarei a boca.
- Claro que sabiam.
- Que saudade! – Voltei a beijá-lo enquanto ele ria.

Eu não largava dele nem um minuto se quer, minha mãe ficava fazendo aquela cara de boba e parecia que choraria a qualquer momento, ela deixou que ele ficasse no meu quarto contanto que nos contivéssemos. Como eu já havia marcado com o pessoal no pub, arrastei , mesmo ele não parecendo muito animado para ir. O local estava meio cheio, mas logo encontrei a mesa onde meus amigos estavam. Parei na frente deles com um imenso sorriso.

- Hey, pessoal! – Eles me olharam e logo em seguida olharam para . – Amor, esses são Megan, James, Martin, Richard, Melanie e Marlon. Pessoal, esse é o , meu namorado. – Nos olharam mostrando surpresa e Melanie foi a primeira a se levantar para cumprimentar .

Tentei enturmá-lo na nossa conversa, mas eu já o conhecia o bastante para saber que ele não se enturmaria tão cedo. Percebi quando ele ergueu a mão para pegar sua lata de cerveja e o pessoal reparou em suas unhas manchadas de graxa. rapidamente baixou a mão parecendo desconfortável e suspirou discretamente. A noite se seguiu meio estranha e agradeci mentalmente quando ela acabou. Acordei no dia seguinte e não estava ao meu lado, ele não havia falado muito quando chegamos em casa, ele apenas me amou e depois dormiu. Levantei e fui até o banheiro encontrando lavando as mãos na pia. Quando me viu, as secou rapidamente e contraiu os dedos.

- Hey, bom dia!
- Bom dia. – Ele sorriu de lado e depositou um selinho em meus lábios.
- Me passa minha escova, por favor. – pegou-a em cima do espelho que havia na pia e me entregou, então percebi que seus dedos estavam vermelhos e os cantos de suas unhas sangravam um pouco. – O que foi isso? – Segurei sua mão.
- Eu só estava limpando as unhas. Acho que limpei com muita força. – Balancei a cabeça em negação.
- Foi por causa deles, não foi? – Ele não me respondeu. – Amor, você não precisava ter feito isso, eu sei que isso é por conta de seu trabalho e nunca achei ruim. Eu amo você do jeitinho que você é, sem por ou tirar nada. – Ele sorriu e me puxou para seus braços.

Marlon estava fazendo uma social em sua casa, ele sempre fazia e chamava apenas os mais chegados. Eu fui com , Marlon me recebeu com um abraço apertado que me tirou do chão e depositou um beijo estalado em minha bochecha, meneou a cabeça em direção ao meu namorado como um aceno, e me puxou pela mão. Gargalhei de uma piada que Marlon disse e bebi mais um pouco da minha bebida, me sentia leve e sabia que já estava na hora de parar. Como aconteceu na primeira noite de na cidade, tentei enturmá-lo, mas não deu muito certo e ele preferiu ficar em um canto da sala apenas observando. Eu estava um pouco brava com ele, poxa, eu queria que ele também fosse amigo dos meus amigos, mas da forma que ele se portava não daria muito certo. Marlon me abraçou de lado e disse como eu era besta pra rir, mordeu minha bochecha e voltou a falar com o pessoal.
Subi as escadas de casa batendo fortemente os pés contra os degraus e entrei no quarto jogando a bolsa sobre a cama.

- Você poderia ser mais sociável, !
- Desculpa se seus amigos são uns babacas.
- Não fala assim deles!
- Ah, , pelo amor de Deus, a única que se salva ali é a Melanie. Aqueles James, Martin e Richard, são uns imbecis. A Megan não faz questão de ser nem um pouco legal comigo e aquele Marlon está claramente apaixonado por você e você permite que ele sussurre em seu ouvido, morda sua bochecha, seja intimo dessa forma... Isso não é comportamento de gente que namora!
- Ele é meu amigo, caramba! E não vai deixar de ser só porque você resolveu sentir ciúmes!
- Amigos não fazem aquilo, , cai na real!
- VOCÊ ESTÁ SENDO UM IMBECIL!
- Ah, tem certeza que eu que estou sendo? Porque esse papel está servindo muito mais pra você!
- Quer saber? Foi um grande erro você ter vindo pra cá, você deveria ter ficado na Carolina! – Falei com a voz fria e então vi o desapontamento tomar conta das feições de .
- Acho que você tem razão. – Ele me deu as costas e saiu do quarto. Senti meus olhos lacrimejarem-se e me xinguei por ser tão idiota. Corri atrás de e o encontrei na sala pronto para abrir a porta.
- ! Me desculpa... Eu... Eu não.
- Tubo bem, , você está certa, eu não deveria ter vindo, deveria ter esperado até as férias, desculpa. Eu... Eu acho que vou embora.
- Não! Por favor, não. – Senti as lágrimas molharem meu rosto e aproximei-me rapidamente do rapaz abraçando-o por trás, já que ele não havia virado para mim. – Por favor, não vá, te ter aqui me trouxe toda aquela felicidade que senti nas férias e agora eu fui uma babaca que estraguei tudo! Por favor, não vá, fica comigo, por favor, por favor. – Minha voz saia embargada enquanto eu tentava controlar o choro. O ouvi suspirar e ele virou de frente abraçando-me e apertando-me em seus braços. Senti seus lábios no topo da minha cabeça e agarrei sua cintura com força. – Eu amo você, meu amor, amo muito, muito, você, me perdoa por ter sido uma estúpida.
- Tudo bem, já passou, eu também não ajudei muito, peço desculpas. – Continuamos abraçados por mais alguns minutos, então me afastei o suficiente para ver seu rosto.
- Não quero brigar com você nunca mais.
- Isso faz parte amor.
- Mas não quero. – Disse de forma mimada e ele riu acariciando minhas bochechas com seus polegares.
- Não importa quantas brigas ainda teremos, nosso amor será bem maior que elas.
- Promete?
- Prometo.
- Como você pode ter tanta certeza? – Ele ficou em silêncio por algum tempo e logo depois abriu um sorriso misterioso.
- No dia que você se formar, você saberá.

Nos dias que se sucederam eu mimei o máximo que pude, saia de seu lado apenas para ir para à faculdade, recusava qualquer convite de meus amigos e passava minhas noites abraçada com assistindo filmes de comédias romântica que o fazia resmungar.
O dia da partida de infelizmente havia chegado, ele não podia mais deixar seu pai na mão. O levei até o aeroporto e quase não desgrudamos quando anunciaram seu voo. No momento do embarque ele gritou em meio às pessoas que me amava, sorri bobamente e devolvi suas palavras jogando um beijo no ar. Eu mal podia esperar para que o verão chegasse e me levasse para . E ele chegou, e eu aproveitei cada momento, então veio outro verão e outro. Eu e tivemos pouquíssimas brigas durante o tempo que não nos vimos, eu sempre me mantinha forte aguardando ansiosamente o momento que eu viveria para sempre com o meu amor. nem por um minuto mostrou-se confuso ou desesperançoso em relação a mim, ele demonstrava toda a sua vontade e demonstrava também o quanto estava lutando por nós.
O dia da minha formatura finalmente havia chegado, notei meu pai sentado na terceira fileira, Louise ao seu lado e ao lado dela. Minha mãe estava ali também, claro, sentada ao lado do meu pai, com Ryan sentado em seu colo e Rick ao seu lado. Eu estava feliz por ver minha família ali, mas não completamente feliz, disse que iria, que faria o maior esforço para ir, mas ele não estava ali. Assim que a cerimônia acabou, corri até minha família e pulei em meu pai que me abraçou forte e me tirou do chão. Seus olhos estavam avermelhados indicando que ele havia chorado, eu amava aquilo dele ser sensível e não esconder o que sentia. Recebi o abraço de todos e disse que aconteceria uma festa e que todos estavam convidados, mas minha mãe disse que não seria bom para Ryan e que também iria visitar minha vó, já que fazia um tempinho que ela não a via. Não me importei muito com aquilo, me despedi dela e de Rick e segui com meu pai, Louise e para a saída do salão. Senti alguém me puxando pelo braço e já estava pronta para xingar, mas perdi completamente a fala quando percebi que era .
- Você é a formanda mais linda que já vi na vida. – Sorri amplamente e pulei em seus braços.
- Achei que você não viria. – Disse após beijá-lo com toda a saudade que eu guardava dentro de mim.
- Eu não perderia esse momento por nada nesse mundo.
- Vocês sabiam, não é? – Semicerrei meus olhos em direção ao meu pai e ele fingiu-se de inocente.
- Eu estava lá o tempo todo. – piscou para mim.

A festa foi maravilhosa, eu me sentia tão feliz, era como se toda aquela felicidade não coubesse em mim. Eu e fomos para minha casa e subimos as escadas enquanto nos beijávamos e ele procurava o zíper de meu vestido. Assim que chegamos a meu quarto a peça deslizou pelo meu corpo e foi de encontro ao chão. Logo as roupas tomaram outros rumos e eu e finalmente pudemos nos amar da forma que sempre fizemos e ainda iríamos muito fazer.
Eu estava na pequena sacada do meu quarto observando à noite estrelada, eu sentia uma paz tão grande no peito que era como se nada no mundo pudesse me atingir. Vestia apenas a blusa de e sentia o vento da madrugada cortar gostosamente meu corpo. abraçou-me por trás com um de seus braços e afundou seu rosto em meu pescoço fazendo-me suspirar. Ele vestia apenas uma boxer preta e aquela visão destruía todas as minhas estruturas.

- Hey. – Sussurrei e ele ergueu a cabeça para me olhar de lado. – Você disse que eu teria certeza que nosso amor seria maior que nossas brigas no dia da minha formatura. – Ele riu nasalado.
- Você ainda lembra-se disso, é? – Assenti. – Bem, então te darei essa certeza agora. – Uma pequena caixinha de veludo entrou em meu campo de visão e ela logo fora aberta mostrando um reluzente anel de três tiras coberto por pequenas pedrinhas. Arregalei os olhos e engolir tornou-se uma tarefa muito difícil. – , você aceitar ser minha para todo o sempre? – Senti meus olhos marejarem-se e logo as primeiras lágrimas vieram.
- S-sim! – Ele me virou e vi o sorriso amplo que tomava conta de sua face. O rapaz ergueu minha mão direita e colocou o anel que se encaixou perfeitamente em meu dedo anelar, beijando a aliança logo em seguida. – E-eu não acredito. – Sussurrei. Ele me abraçou e cobriu meu rosto e minha boca de selinhos.
- Eu que não acredito que você definitivamente será minha.
- Amor, deve ter sido muito caro. – Minha mão estava apoiada em seu peito e eu observava hipnotizada a aliança reluzir.
- Valeu cada centavo, cada hora a mais de trabalho, cada esforço...
- Por isso você sempre estava tão cansado em nossas chamadas de vídeo. – Ele assentiu.
- Também estou juntando dinheiro para comprar nossa casa, sei que seu estagio de jornalista vai virar algo permanente, também posso arrumar algum emprego por aqui e futuramente estou pensando em cursar alguma coisa. – Arregalei meus olhos.
- Então você... Você vai morar aqui? – Ele assentiu – E, e seu pai?
- Está totalmente de acordo.
- Ele sabia que você ia me pedir em casamento?
- Ele é o único que sabia, e disse que essa é a coisa mais certa que farei em minha vida. – Sorri amplamente e pulei em seu colo, entrelaçando minhas pernas em sua cintura.
- Meu Deus! Eu amo tanto você, tanto! – Ele riu.
- Eu também amo você, meu amor.

Demos a noticia para toda minha família, e todos se alegraram bastante, minha mãe chorou, me zoou e meu pai disse que não via a hora de me levar até o altar. Ele e o pai de insistiram em pagar o casamento, disseram que eram os presentes deles, então eu só me responsabilizei pelo vestido e por mais algumas coisinhas. Quatro meses depois eu observava da casa de praia de um amigo de meu pai os convidados do meu casamento. Eu e nos casaríamos na praia que nossas vidas se cruzaram pela primeira vez, a decoração estava impecável assim como a festa e fiz de tudo para poupar o máximo possível o bolso do meu pai e do pai de . E então o momento havia chegado. Uma prima de de cinco anos jogava pétalas de rosas brancas sobre o tapete vermelho, seu vestido bege esvoaçava-se com o vento juntamente com seus cabelos loiros, ela era uma graça. Ao seu lado estava Ryan, carregando a almofada com as alianças em cima. Ele se concentrava o máximo em sua caminhada até o altar vestido em uma calça bege dobrada até as canelas e uma camisa branca de botões dobrada até os cotovelos. Nossos padrinhos eram e o irmão de , Melanie e seu namorado, apenas eles e pra nós era suficiente. O casamento também não tinha muitos convidados, mas os que estavam ali eram muito sortudos, sortudos por estarem testemunhando o momento mais feliz da minha vida. Meu vestido era simples, branco com detalhes em dourado, meus cabelos estavam soltos e ondulados e eu usava uma tiara de flores brancas. Meu pai estava ao meu lado, sustentando meu braço e segurando minha mão fortemente, seus olhos estavam marejados assim como os meus e era um par perfeito com seu sorriso. Começamos a andar e eu olhava para os lados, saudando os convidados com minhas lágrimas contidas e meu sorriso amplo e então finalmente olhei para o altar e lá estava ele, parado, com as mãos no bolso e me olhando como se eu fosse à mulher mais importante do mundo. , o amor da minha vida, o dono do meu coração, meu eterno amor de verão e eu me sentia preparada, naquele momento, para o começo do resto de nossos dias.


Fim



Nota da autora:Ai gente desculpe pela fic sem graça, mas eu queria muito postar uma fic nesse especial e essa foi à única ideia que surgiu, eu quase não mandei, enrolei muito e deixei para o último prazo. Em fim, é isso, cá estou eu enchendo saco de vocês mais uma vez, espero que essa fic receba ao menos um comentariozinho. Acompanhem-me em minhas outras fics, se poderem, e... Beijinhos.
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Minhas outras fics:
- O preço da traição – Outros/Finalizada (/ffobs/o/oprecodatraicao.html)
- Scars – Especial dia do médico/Finalizada (/ffobs/s/scars.html)
- Um Lugar seguro para cair – Outros/Em andamento (/ffobs/u/umlugarseguroparacair.html)

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